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Arquivos mensais: Setembro 2010

Maconha: é hora de legalizar?

Por que um grupo cada vez maior de políticos e intelectuais – entre eles o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – defende a legalização do consumo pessoal de maconha

Shutterstock

Fumar maconha em casa e na rua deveria ser legal? Legal no sentido de lícito e aceito socialmente, como álcool e tabaco? O debate sobre a legalização do uso pessoal da maconha não é novo. Mas mudaram seus defensores. Agora, não são hippies nem pop stars. São três ex-presidentes latino-americanos, de cabelos brancos e ex-professores universitários, que encabeçam uma comissão de 17 especialistas e personalidades: o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, do Brasil, de 77 anos, e os economistas César Gaviria, da Colômbia, de 61 anos, e Ernesto Zedillo, do México, de 57 anos. Eles propõem que a política mundial de drogas seja revista. Começando pela maconha. Fumada em cigarros, conhecidos como “baseados”, ou inalada com cachimbos ou narguilés, a maconha é um entorpecente produzido a partir das plantas da espécie Cannabis sativa, cuja substância psicoativa – aquela que, na gíria, “dá barato” – se chama cientificamente tetraidrocanabinol, ou THC.

Na Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia, reunida na semana passada no Rio de Janeiro, ninguém exalta as virtudes da erva, a não ser suas propriedades terapêuticas para uso medicinal. Os danos à saúde são reconhecidos. As conclusões da comissão seguem a lógica fria dos números e do mercado. Gastam-se bilhões de dólares por ano, mata-se, prende-se, mas o tráfico se sofistica, cria poderes paralelos e se infiltra na polícia e na política. O consumo aumenta em todas as classes sociais. Desde 1998, quando a ONU levantou sua bandeira de “um mundo livre de drogas” – hoje considerada ingenuidade ou equívoco –, mais que triplicou o consumo de maconha e cocaína na América Latina.

Em março, uma reunião ministerial na Áustria discutirá a política de combate às drogas na última década. Espera-se que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, modifique a posição conservadora histórica dos Estados Unidos. A questão racial pode influir, já que, na população carcerária americana, há seis vezes mais negros que brancos. Os EUA gastam US$ 35 bilhões por ano na repressão e, em pouco mais de 30 anos, o número de presos por envolvimento com drogas decuplicou: de 50 mil, passou a meio milhão. A cada quatro prisões no país, uma tem relação com drogas. No site da Casa Branca, Obama se dispõe a apoiar a distribuição gratuita de seringas para proteger os viciados de contaminação por aids. Alguns países já adotam essa política de “redução de danos”, mas, para os EUA, o cumprimento dessa promessa da campanha eleitoral representa uma mudança significativa.

A Colômbia, sede de cartéis do narcotráfico, foi nos últimos anos um laboratório da política de repressão. O ex-presidente Gaviria afirmou, no Rio, que seu país fez de tudo, tentou tudo, até violou direitos humanos na busca de acabar com o tráfico. Mesmo com a extradição ou o extermínio de poderosos chefões, mesmo com o investimento de US$ 6 bilhões dos Estados Unidos no Plano Colômbia, a área de cultivo de coca na região andina permanece com 200 mil hectares. “Não houve efeito no tráfico para os EUA”, diz Gaviria.

Há 200 milhões de usuários regulares de drogas no mundo. Desses, 160 milhões fumam maconha. A erva é antiga – seus registros na China datam de 2723 a.C. –, mas apenas em 1960 a ONU recomendou sua proibição em todo o mundo. O mercado global de drogas ilegais é estimado em US$ 322 bilhões. Está nas mãos de cartéis ou de quadrilhas de bandidos. Outras drogas, como o tabaco e o álcool, matam bem mais que a maconha, mas são lícitas. Seus fabricantes pagam impostos altíssimos. O comércio é regulado e controla-se a qualidade. Crescem entre estudiosos duas convicções. Primeira: fracassou a política de proibição e repressão policial às drogas. Segunda: somente a autorregulação, com base em prevenção e campanhas de saúde pública, pode reduzir o consumo de substâncias que alteram a consciência. Liderada pelos ex-presidentes, a comissão defende a descriminalização do uso pessoal da maconha em todos os países. “Temos de começar por algum lugar”, diz FHC. “A maconha, além de ser a droga menos danosa ao organismo, é a mais consumida. Seria leviano incluir drogas mais pesadas, como a cocaína, nessa proposta”.

Fotos: Torsten Blackwood/AFP, Gabriel de Paiva/Ag. O Globo e Wilton Júnior/AE

EXPERIÊNCIA
Os ex-presidentes Ernesto Zedillo, César Gaviria e Fernando Henrique (da esq. para a dir.), em encontro no Rio, na semana passada. Eles defenderam a revisão das leis contra as drogas e a descriminalização da posse de pequenas quantidades de maconha

O que pode parecer a conservadores uma tremenda ousadia não passa, na verdade, de um gesto simbólico do continente produtor de drogas, a América Latina. Um gesto com os olhos voltados para o Norte, o hemisfério consumidor por excelência. Nos Estados Unidos, ainda se encarceram usuários na maioria dos Estados, e a Europa faz vista grossa ao consumo, mas não muda sua legislação. A comissão latino-americana acha “imperativo retificar a estratégia de guerra às drogas dos últimos 30 anos”. Nosso continente continua sendo o maior exportador mundial de cocaína e maconha, mas produz cada vez mais ópio e heroína e debuta na produção de drogas sintéticas. Um maior realismo no combate às drogas, sem preconceito ou visões ideológicas, ajudaria a reduzir danos às pessoas, sociedades e instituições.

Há quem discorde dessa visão, com base em argumentos também poderosos. Com a liberação do consumo da maconha, mais gente experimentaria a droga. Isso aumentaria o número de dependentes e mais gente sofreria de psicoses, esquizofrenia e dos males associados a ela. Mais gente morreria vítima desses males. “Como a maconha faz mal para os pulmões, acarreta problemas de memória e, em alguns casos, leva à dependência, não deve ser legalizada”, afirma Elisaldo Carlini, médico psicofarmacologista que trabalha no Centro Brasileiro de Informação sobre Drogas (Cebrid). “Legalizá-la significaria torná-la disponível e sujeita a campanhas de publicidade que estimulariam seu consumo”.

Reportagem da Revista ÉPOCA

Liberar ou não liberar?
Vidas e recursos seriam economizados com a legalização das drogas, mas o número de viciados seria maior
Revista Época Revista Época
  • Menos pessoas morreriam no combate ao tráfico
  • As violentas disputas entre traficantes pelo mercado de drogas não terminariam
  • Centenas de bilhões gastos todo ano por governos do mundo todo com a repressão às drogas poderiam ser investidos em outras áreas
  • Com mais viciados, poderia haver um aumento no número de crimes cometidos, em busca de dinheiro para sustentar o vício
  • Poderia haver redução da criminalidade, pois muitos crimes são cometidos para financiar o tráfico
  • Poderia haver um aumento no número de dependentes, pois as drogas seriam mais baratas e acessíveis
  • Haveria menos presos apenas por uso de drogas e, portanto, haveria mais espaço nas cadeias para criminosos perigosos
  • Grandes indústrias poderiam distribuir drogas e, como fazem com cigarros ou álcool, incentivar seu consumo
  • Poderia haver maior controle de qualidade das drogas, o que reduziria o número de mortes
  • Os sistemas públicos de saúde gastariam mais com o tratamento dos dependentes
Eles já foram punidos
Esportistas e artistas tiveram problemas pelo uso da maconha
Gail Burton
Michael Phelps

Nadador
O campeão olímpico foi suspenso por três meses por ter sido fotografado inalando maconha em uma festa

Rogério Albuquerque
Soninha

Vereadora
Ela perdeu o emprego de apresentadora na TV Cultura porque disse a ÉPOCA, em 2001, que fumava maconha

 Leonardo Aversa
Marcelo D2

Cantor
Ele afirma fumar maconha todos os dias e já foi preso após um show, quando defendeu a liberação da droga

Marcos Ramos
Marcello Antony

Ator
Foi preso em 2004 quando comprava uma pequena quantidade de maconha de um traficante

Deco Rodrigues
Giba

Jogador de vôlei
Foi suspenso do esporte em 2003 porque um exame antidoping acusou o uso de maconha


Comentários
  • FERNANDO | SP / São Paulo | 07/09/2010 14:20

    LEGALIZE JA SIM…
    SE ALCOOL PODE E CIGARRO TBM, VEJO QUE A ERVA TBM PODE, MESMO PORQUE TUDO QUE SE FALA A RESPEITO É FURADA, ASSISTAM ESSE VIDEO NO YOU TUBE, PROCUREM POR ” O SINDICATO” LA EXPLICA TUDO…E PORQUE DEVE-SE LEGALIZAR, ALGUEM JA VIU ALGUM CASO NO MUNDO DE ALGUEM QUE MORREU POR CONSUMO DE CANABIS? CERTAMENTE NÃO POIS NUNCA HOUVE…E DO CIGARRO QUANTOS MORREM? ASSISTAM VIDEO, NÃO É VIRUS NEM NADA, É INFORMAÇÃO RECENTE , CLARA E LIMPA PRA TODOS MUDAREM DE IDEIA… FUI

  • MOHAMED RASHAD | MG / Belo Horizonte | 28/08/2010 23:09

    LEGALIZE JÁ [2]
    LEGALIZE JÁ POIS A ERVA E NATURAL E NAO PODE LHE PREJUDICAR!

  • Leandro Santanna | PR / Califórnia | 03/07/2010 01:03

    Legaliza Já
    A maconha tem a solução para resolver o problema de tudo. Não tem o que industrializar, é uma PLANTA, com a legalização o usuário pode plantar para o seu consumo, isso é PERFEITO, não dá dinheiro para tráficante, indústria e governo, qualquer classe social pode plantar e não precisa ROBAR para poder consumir, além disso, nenhum cidadão que tenha educação e amor do pai e da mãe vai robar, a maconha se destaca nisso, ela não leva você a robar, você fuma um basiado e não precisa mais, ao contrário da cocaína e do crack que é SEMPRE MAIS, e são drogas depressivas, a maconha te deixa alegre, abre sua cabeça, faz você olhar a vida de uma outra maneira, SÃO MAIS DE 10 MIL ANOS DE USO E NENHUMA MORTE NOTÁVEL? o que fortalece o tráfico é a variedades de produtos no mercado, vamos tirar essa planta que pode ser a salvação do mundo, se alguém não sabe, a maconha não é apenas para fumar, olha o exemplo dos EUA, a maconha está sendo derivada no comércio alimentício procurem para vocês ver, além disso, a maconha vai ser utilizada na engenharia cívil para construir casas, além de tbm com a derivação poder ser feito biodiesel GASOLINA, ñ vou citar tudo, procurem se informar na internet, existe milhares de coisas que pode ser feita com a derivação, e qm quizer fumar fuma, faz menos mau que o cigarro e o alcool, é hipocrisia e falta de conhecimento julgarem a maconha como julgam. PAZ E AMOR!

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Publicado por em 25 de Setembro de 2010 em Drogas

 

“Eu já tive experiências com homens. Mas sou heterossexual” diz Giuliano Manfredini, filho do cantor Renato Russo

Meu comentário: Acho que ele foi muito feliz na declaraçãoE se você não quiser mais ser meu amigo só porque eu beijei um homem, você é um medíocre” e incoerente ao dizer que todas as pessoas sentem-se atraídas pelos dois sexo ainda mais quando ele mesmo diz que é só sente por mulheres.

Giuliano Manfredini, 21, filho do cantor Renato Russo, disse em entrevista ao portal IG que foi discriminado na escola pelo fato do pai ser gay, mas que superou este tipo de bullying escolar. “A partir do momento que entrei no colégio e ouvi dos colegas que meu pai era “bicha”, para você ver como eles eram escrotos, passei a entender o que isso significa”, disse ao repórter Valmir Moratelli.

Apesar das agressões verbais diárias, Giuliano não teve vergonha de dizer que já se relacionou com homens. “Eu já tive experiências com homens. Mas hoje sou heterossexual. Estou apaixonado por uma garota do Rio. Não tenho vergonha de falar essas coisas. Ninguém pode falar que é heterossexual se nunca experimentou o outro lado para saber que não gosta daquilo”, disse.

Dizer isso de peito aberto pode ser exemplo da coragem do pai Russo. “Admitir que era homossexual naquela época é mais um motivo para vê-lo como herói. Tem que ser muito macho para falar eu sou gay”, diz Giuliano em referência ao seu pai. Apesar de ter se relacionado com pessoas do mesmo sexo, Giuliano diz que nunca se envolveu afetivamente.

Só pegação – “Nunca namorei homens a sério, era mais pegação, zoação mesmo, em boates. Preconceito, claro que rola. Mas é coisa minha, ninguém tem que se envolver com isso. E se você não quiser mais ser meu amigo só porque eu beijei um homem, você é um medíocre. Experimentei sim, foi uma experiência boa. Mas não levo esses detalhes adiante. Se um filho meu falar que é gay, vou falar que bom!, afirma.

O filho de Renato Russo observa que o ser humano é bissexual. “Não existe ninguém homossexual de fato. Todo ser humano é bissexual. Se não tivesse nenhuma convenção social seríamos todos bissexuais assumidos. Meu pai não via diferença em amar as pessoas”, diz o rapaz que tem uma produtora e mora com a avó paterna após a morte da sua mãe Raphaela Bueno, morta em um acidente de carro quando Giuliano era recém nascido.

 
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Publicado por em 25 de Setembro de 2010 em Homo/Bissexualidade, Sem categoria

 

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Ambição Gospel: Ex-pastor da Igreja Mundial revela esquema de arrecadação

MEU COMENTÁRIO: A seguir mais um escândalo de cunho financeiro envolvendo aqueles que vivem falando mal das outras religiões, em especial desta igreja que é uma “descendente” da Igreja Universal do Edir Macedo.

Um dissidente da Igreja Mundial relata como foi orientado a distorcer trechos da “Bíblia” para aumentar a coleta de dinheiro dos fiéis
Victor Ferreira
Fotos: Marcelo Min/Fotogarrafa/ÉPOCA e arq. pessoal

APRENDIZ
O pastor Givanildo no altar de sua nova igreja, em Araçatuba (à esq.). À direita, ele num estúdio de TV com Valdemiro Santiago, líder da Mundial

A Igreja Mundial do Poder de Deus é tida como a igreja neopentecostal que mais cresce no Brasil. Tem mais de 2.300 templos e ocupa quase toda a programação da Rede 21, além de horários em outros canais. Quando foi fundada pelo apóstolo Valdemiro Santiago, em 1998, o então motorista de caminhão Givanildo de Souza começava a trabalhar em Sorocaba, no interior de São Paulo. Entusiasmado com as promessas de cura, enriquecimento e ressurreição, ele resolveu trocar o caminhão pelos templos. Virou discípulo de Valdemiro e obreiro da Mundial. Para provar sua proximidade com Valdemiro, Givanildo exibe fotos de sua família com a de Valdemiro, todos em trajes de lazer.

A dedicação ao altar lhe rendeu promoções. Givanildo passou por várias cidades até ser transferido para Araçatuba, a 525 quilômetros da capital paulista. Lá ficou responsável por 14 igrejas. Como pastor regional, chefiava os colegas e respondia pelo dinheiro arrecadado. Semanalmente, diz, enviava para a sede os montantes recolhidos. O vínculo com a Mundial durou até julho deste ano. Depois de se declarar descontente, Givanildo decidiu sair e agora faz acusações contra a Mundial. Ele afirma que era orientado a distorcer trechos da Bíblia para aumentar a arrecadação com os fiéis. É a primeira vez que um dissidente da Mundial dá um depoimento assim.

Representantes da igreja foram procurados para comentar, mas não quiseram responder. A seguir, suas principais afirmações sobre o funcionamento da Mundial.

A pressão por arrecadação
Os líderes da Igreja Mundial, segundo Givanildo, estabelecem metas financeiras a seus subordinados e cobram resultados. “Se eu não dobrasse o valor, ia ser mandado embora com minha família e tudo”, diz. Givanildo conta que, um pouco antes de deixar a Mundial, despachava para a sede cerca de R$ 300 mil por mês, oriundos do bolso dos fiéis. “Depositava na conta da igreja. Às vezes, pediam para levar em mãos.”

A pressão por arrecadação e as técnicas para extrair dinheiro de fiéis, segundo ele, eram ditadas pelo bispo Josivaldo Batista, o segundo homem da Mundial. Josivaldo, diz, lidera a segunda parte dos encontros periódicos de pastores para falar de crescimento financeiro. “A primeira parte da reunião é televisionada. Depois que desligam tudo, o bispo Josivaldo começa a falar: ‘O negócio é o seguinte, se não crescer, vamos fazer umas trocas aí. Vamos botar os pastores lá no fundão do Nordeste, no meio do mato’.”

O uso da Bíblia
Givanildo diz que, nas reuniões, Josivaldo também mostra como usar trechos da Bíblia para aumentar a arrecadação. “Houve uma campanha feita em cima de Isaías 61:7, sobre a dupla honra. Aí surgiu a proposta de pedir 30% do salário da pessoa.” Esse versículo diz o seguinte: “Em lugar da vossa vergonha tereis dupla honra; (…) por isso na sua terra possuirão o dobro e terão perpétua alegria”. Segundo Givanildo, os pastores passaram a pregar que para obter a “dupla honra” era necessário “dobrar” o dízimo e dar mais 10% do salário como oferta. Total: 30%. O “trízimo” ficou conhecido como uma inovação introduzida pela igreja de Valdemiro.

Outra orientação comum, diz Givanildo, é fazer associações simplórias entre números citados em textos sagrados e metas de ofertas. Num trecho bíblico que descreve uma batalha está dito que 7 mil guerreiros “não se dobraram a Baal”. É o que basta para uma associação. Depois de reler essa frase aos fiéis, os pastores passam a pedir doações de 7 mil pessoas, insinuando que se trata de uma determinação bíblica.

A barganha pela água benta
Na Mundial, de acordo com Givanildo, o acesso a bens sagrados são barganhados. Josivaldo, diz ele, mandava distribuir água benta só aos que contribuíssem financeiramente. “A gente tinha de dizer assim: ‘Eu quero 200 pessoas com oferta de R$ 100, que eu vou dar uma água’. Para aquelas que não tinham oferta, não podia dar.”

Os motivos da ruptura
“Eu fazia meu melhor no altar, só que quando chegava nesse momento de pedir oferta não me sentia bem. Ficava enojado”, afirma. “Se a igreja está passando necessidade, não pode ter fazenda, clube.” Givanildo conta que era considerado “rebelde” por não colocar em prática as campanhas de ofertas acima de R$ 100. E, quando o faturamento caía, era acusado de roubo, diz. “Um dia, na reunião, o bispo Josivaldo, querendo me humilhar, gritou assim: ‘Pastor Souza, vem aqui na frente’. Ele disse que tinha uma acusação, que eu estava pegando propina de outros pastores.”

A nova igreja
Fora da Mundial, Givanildo montou sua própria igreja, a Missionária do Amor. Seu primeiro templo, em Araçatuba, tem sistema de som, grafite na parede e quase uma centena de bancos estofados. Com que dinheiro montou tudo isso? “Tem gente que acredita e está me ajudando”, afirma. Sua igreja não parece ser muito diferente da Mundial. Givanildo afirma que, pelo menos no que diz respeito à forma de pedir ofertas, não segue os passos de Valdemiro.

Fonte: Época Read the rest of this entry »

 
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Publicado por em 15 de Setembro de 2010 em Religião

 

Ativista Marroquino Samir Bergachi: “Um dia o islã vai respeitar os gays”

Oi internautas!
Para estreiar com o pé direito, reproduzo abaixo uma entrevista realizada pela Revista Época (Editora Globo) com um jovem marroquino que publicou e distribuiu de maneira clandestina, a primeira revista destinada aos Homossexuais do Marrocos.

Ativista marroquino fala do preconceito enfrentado pelos homossexuais nos países muçulmanos

Foram só 200 cópias, distribuídas na ilegalidade, mas o bastante para chamar a atenção. A modesta tiragem do número inicial da revista Mithly, editada por Samir Bergachi, incomodou as autoridades de seu país, o Marrocos, por ser a primeira publicação voltada a gays muçulmanos – lá, a homossexualidade é crime passível de até três anos de prisão. Sem dinheiro para imprimir as edições seguintes, a Mithly (um jogo de palavras em árabe que pode significar tanto “gay” como “assim como eu”) foi parar na internet, mas continua gerando debates sobre os homossexuais no islã. Bergachi é otimista. “Há 30 anos, na Espanha, onde o catolicismo é forte, você podia ser preso por ser gay. Hoje, o casamento homossexual é permitido. Por que não podemos viver a mesma experiência?”

ENTREVISTA – SAMIR BERGACHI
  Divulgação QUEM É
Nascido em Nador, no Marrocos, Samir Bergachi tem 23 anos e vive há dez na Espanha, onde moram seus pais 

O QUE FAZ
Está no 3º ano do curso de jornalismo na Universidade Complutense, de Madri. Homossexual assumido, coordena o grupo Kif Kif, que dá orientação a gays em países árabes

O QUE PUBLICOU
Edita a revista Mithly, primeira publicação em árabe voltada para o público homossexual

ÉPOCA Como surgiu a ideia da revista?
Samir Bergachi –
Coordeno o Kif Kif, um grupo que trabalha desde 2004 ajudando gays em países onde eles são excluídos. Sempre orientamos a nos procurarem, identificando-se ou não. Primeiro, pensamos em criar um fórum na internet. Nossas atividades foram se desenvolvendo, até que achamos interessante a divulgação por uma revista. A primeira edição da Mithly era uma versão-piloto, não sabíamos se ia dar certo. Depois é que decidimos continuar com o projeto.
POCA A homossexualidade é crime no Marrocos. Como a revista foi distribuída?
Bergachi –
Como a primeira edição tinha apenas 200 exemplares, trabalhamos com contatos-chave. Conhecemos muitas pessoas influentes em universidades, ativistas, jornalistas. A revista era entregue em mãos, na clandestinidade. Não temos autorização para publicar a revista. No Marrocos, há quem simpatize com a causa, mesmo não sendo gay, mas há quem reaja de maneira violenta. Todos têm um pouco de receio.
ÉPOCA Por que as últimas edições não foram impressas?
Bergachi –
Não tivemos recursos para seguir com impressões mensais, mas pretendemos fazer edições impressas ao menos a cada dois meses. Estamos na terceira edição, e as duas últimas foram veiculadas apenas na internet. A versão digital deve ser atualizada mensalmente.
ÉPOCA O senhor sofreu algum tipo de ameaça por causa da Mithly?
Bergachi –
Na Espanha, nunca. Vivo aqui há dez anos porque vim estudar. Meus pais moram em Barcelona há duas décadas, mas fui criado por minha avó, no Marrocos. Eu me reconheço como marroquino, mas ao mesmo tempo não me sinto muito seguro no Marrocos. O país não é um ambiente tranquilo para os homossexuais, o que não me impede de voltar. Nunca fui atacado, mas já sofri ameaças telefônicas. Tentaram me levar para os tribunais depois do lançamento de Mithly, sob a acusação de que eu estava prejudicando a juventude local. Não deu em nada.
ÉPOCA Em nosso primeiro contato, o senhor pediu que retornássemos de um número identificado. Por medo?
Bergachi –
Não tenho medo. Meu celular recebe muitas chamadas por estar disponível na internet. Mas medo, não. Há muito tempo não recebo ameaças. De vez em quando, algum aborrecimento.
ÉPOCA Como sua família encara sua homossexualidade?
Bergachi –
Ainda é difícil, porque no Marrocos não há referenciais de gays que se deram bem. Há apenas um escritor assumidamente homossexual, Abdellah Taïa, que ganhou repercussão nacional e é um dos mais lidos no país. Meus familiares não estão acostumados a escutar coisas positivas dos gays na televisão. É claro que há dificuldades, mas lidamos bem com elas.
ÉPOCA O senhor namora? Já pensou em se casar?
Bergachi –
Sim, namoro, mas confesso que nunca pensei em matrimônio. Porém, tenho amigos no Marrocos que são casais e não precisaram sair de lá. Não são reconhecidos pelo Estado nem podem ser, já que correm o risco de ser presos, mas isso não os impede de viver juntos. Se quisesse, eu poderia me juntar a alguém e viver no Marrocos.
ÉPOCA As revistas gays ocidentais costumam publicar imagens sensuais, o que não há na Mithly. Há um receio de ofender o público muçulmano?
Bergachi –
Essa é uma questão de sensibilidade. Estamos falando do norte da África, do Oriente Médio, onde há países árabes com potenciais leitores de Mithly. Temos certas peculiaridades, mas creio que com o tempo teremos mais liberdade, cada vez mais fotos – no mesmo estilo (do Ocidente). Mithly é uma revista discreta, não é erótica. Seu público tem de ser discreto, considerando o contexto em que vive. Fazer uma publicação mais apelativa não é nosso interesse.
ÉPOCA A Mithly foi vista pelo governo como uma tentativa de “homossexualizar” o Marrocos. Como atingir seu público sem parecer estar desafiando o Estado?
Bergachi –
Tentamos atingir a sociedade civil, organizações pelos direitos humanos, partidos de esquerda. Quando se pensa em dois Marrocos, um que vê a transição para a democracia e o outro que dá passos para trás, buscamos trabalhar só com o primeiro, mas não se controla o que o segundo vai pensar. A imprensa independente nos recebeu bem, mas a oficial só fala mal.
ÉPOCA O catolicismo não reconhece a homossexualidade, mas a relação entre gays e heterossexuais tem melhorado em muitos países católicos. Isso poderá ser visto um dia no mundo islâmico?
Bergachi –
Certamente. O islã ainda vai respeitar os gays. No Marrocos, muitos heterossexuais trazem mensagens animadoras sobre isso. Na Espanha, também há pessoas tolerantes e intolerantes. Há 30 anos, na Espanha, onde o catolicismo é forte, você podia ser preso por ser gay, e hoje o casamento homossexual é permitido. Por que não podemos viver a mesma experiência no Marrocos e em todo o norte da África islâmica, por exemplo?

 

G1

 
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Publicado por em 11 de Setembro de 2010 em Homo/Bissexualidade, Política, Religião

 

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