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Arquivos mensais: Julho 2012

Ajudar pobres é ‘desvio’ de recurso da igreja, diz site do missionário Evangélico R.R. Soares

Pesquisa no Google mostra texto que o site deletou

 

Na seção “Missionário Responde”, o site de R.R. Soares afirmou que a igreja não deve ajudar os pobres, porque significaria desvio dos recursos da evangelização. Para a Igreja Internacional da Graça de Deus, é o governo que tem de recorrer os necessitados, porque arrecada imposto para isso.

Esse esclarecimento sumiu do site (ele estava na página http://www.ongrace.com/NP/rr/lerResposta.php?id=3355), mas até a manhã de hoje (26) aparecia na busca do Google, nos seguintes termos: “O que não concordamos é em desviar os recursos humanos e financeiros destinados à evangelização e à proclamação da Palavra, para atender aos necessitados do mundo. Primeiro que o governo arrecada impostos justamente para fazer isso (e ele não vai pregar o Evangelho para ajudar a igreja).”

Que as igrejas neopentecostais não ajudam os pobres — elas os exploram — é público e notório, mas até agora nenhuma delas tinha admitido isso com tanta franqueza, ao menos por alguns instantes.

A afirmação de que a ajuda aos pobres cabe ao governo mostra como os pastores dessas igrejas se livram de algum eventual sentimento de culpa pela sua omissão.

As igrejas desfrutam de isenção de impostos justamente porque se pressupõe que prestam um serviço de assistência espiritual e material aos pobres, de acordo com os princípios cristãos.Mas essa isenção — como também se sabe — tem servido tão somente para o enriquecimento desses pastores e a construção de imponentes templos.O mesmo site que tinha informado que ajudar os necessitados é desvio de finalidade do dinheiro arrecadado dos fiéis traz a notícia de que a prefeitura de São Paulo autorizou a construção da sede da igreja, que vai custar milhões.

A Igreja da Graça não “desvia” dinheiro para os pobres,
mas vai construir uma imponente sede em São Paulo

Fonte: Paulo Lopes

 

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Publicado por em 26 de Julho de 2012 em Religião

 

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Salvem as crianças: Professores impõem suas crenças em escolas que deveriam ser laicas

Desde 1891, o estado brasileiro declarou-se laico. Até hoje, esse princípio não faz parte do ensino público

“Isso não é de Deus, menino”, adverte a educadora de uma escola estadual que tenta acalmar o adolescente indisciplinado. Edilene Ramos, 55, professora de língua portuguesa e pastora evangélica usa o conhecimento bíblico para lidar com “alunos mais rebeldes”. Em outra escola, da rede municipal, durante alguns anos a prece realizada pelos estudantes antes do início das aulas trazia o trecho: “Pai de infinita bondade, que os espíritos de luz protejam a nossa família…”. O teor da oração foi elaborado pela vice-gestora da escola,Leonora Maciel, uma espírita declarada.

Situações como essas são comuns em escolas públicas e colocam em xeque a laicidade do Estado, que foi estabelecida com a primeira Constituição Republicana Brasileira, em 1891. Seja por meio de símbolos expostos ou pelas atividades pedagógicas complementares, o discurso, que deveria ser neutro, parece ofuscado pelas ações de quem atua no ambiente escolar. Ao deixar transparecer suas crenças e valores religiosos, as escolas desconsideram o pluralismo religioso. E as rusgas na relação entre pais, professores e estudantes se tornam constantes.

Leonora trabalha com educação desde 1998. Conhece bem os embates religiosos entre os muros da escola. Hoje atua como vice-gestora da escola municipal Pastor Munguba, que fica no Jordão Baixo, Zona Sul do Recife. A escola realiza o ritual diário da prece. Até o final do ano passado, o Pai Nosso e a oração do Santo Anjo do Senhor, além da prece espírita criada por ela, na intenção de que todos se sentissem contemplados, eram professados antes do sinal tocar. “Ninguém é obrigado a fazer a oração e aconselho aos que não quiserem que permaneçam em silêncio”, conta. Mas, recentemente, os alunos se manifestaram contra essa atitude dela e pediram que apenas o Pai Nosso fizesse parte do rito.

Na escola estadual Professora Olindina Alves Semente, no Barro, região Oeste do Recife, os alunos dos 1º e 2º graus convivem com a imagem de Nossa Senhora de Lourdes há mais de 20 anos. Dentro de uma gruta de pedra que fica em um dos pátios da instituição, a santa foi instalada em homenagem a uma ex-diretora da escola que era devota. Alguns pais, normalmente os evangélicos, já reclamaram dessa presença católica, mas a gruta permanece intacta ao longo de duas décadas.

Ao mesmo tempo em que prega a neutralidade, o Estado não anulou certas representações devotas. Para a antropóloga Maria Edi da Silva, também não encontrou maneiras de lidar com a diversidade no ambiente escolar. O tema foi objeto de estudo de sua dissertação de mestrado Diversidade Religiosa na escola pública: um olhar a partir das manifestações populares dos ciclos festivos. O carnaval, as festas juninas e o ciclo natalino de três escolas localizadas no bairro do Jordão serviram de campo para a observação. “Verificamos privilégios da presença de símbolos religiosos em detrimento de outros, os católicos em detrimento dos afro-brasileiros, por exemplo”.

Para Maria Edi, professores e gestores impõem suas crenças de forma naturalizada sem levar em consideração que um “cidadão virtuoso” não é prerrogativa apenas da religião católica ou outras mais aceitas na cultura brasileira. “É preciso um olhar atento aos aspectos educativos familiares, nos quais a orientação religiosa se inclui. Se a família segue uma determinada orientação é necessário que a escola pública respeite e garanta aos indivíduos o direito de professarem seus credos”, afirma.

Professora de Língua Portuguesa da rede estadual de ensino há 21 anos, Edilene Ramos, 55, é pastora evangélica e trabalha na Escola Professora Olindina Alves Semente. Por causa de problemas nas cordas vocais, está afastada da sala de aula e desempenha funções diversas na instituição. Conta que costuma lidar com crianças e adolescentes indisciplinados com base nos preceitos bíblicos, mas diz que não faz pregação. “Tenho cuidado para não ferir as crenças de ninguém. A intenção é conscientizar sobre respeito e amor ao próximo”, assegura.

A ausência de limites entre a fé dos educadores e a sala de aula também pode acarretar em situações de intolerância e discriminação. No início do ano, em São Bernado, na grande São Paulo, o pai de um aluno denunciou à Justiça a escola onde o filho estudava. O adolescente de 15 anos sofria bullying por recusar-se a participar da pregação evangélica da professora de história.Praticante do candomblé, o garoto começou a ser perseguido pelos colegas. A professora alegou que a pregação fazia parte de sua metodologia de ensino.

“A lei é clara ao proibir quaisquer forma de proselitismo nas escolas públicas. Os professores e diretores não podem submeter os alunos a práticas religiosas ou pregação. Fazê-lo configura uma agressão à laicidade do Estado”, defende o doutor em Antropologia Social e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Emerson Giumbelli. Pesquisador do tema e colaborador do Instituto de Estudos da Religião (ISER), pondera sobre a necessidade de se criar oportunidades igualitárias para as diversas matrizes religiosas. “Em razão da história nacional, os emblemas cristãos são
privilegiados. Muitos professores consideram que, sendo a maioria da população cristã, é legítimo privilegiá-la. No entanto, é preciso dar igual espaço a todas as religiões, além de possibilitar a expressão de ateus e agnósticos”.

A gerente de Políticas Educacionais de Educação Infantil e Ensino Fundamental da Secretaria de Educação do Estado, Shirley Malta, afirma que a conscientização dos profissionais que atuam na rede de ensino acontece de maneira gradual. “A religião católica é predominante em nossa cultura desde a chegada dos portugueses. O reconhecimento das demais, assim como a postura laica, que deve ser implantada nas escolas, faz parte de um processo maior de conscientização e mudança cultural. Essa é uma questão que não pode ser tratada por decretos nem por força da intolerância”.

o aluno invisível

O destaque de algumas religiões em detrimento de outras traz como consequência a invisibilidade e até o afastamento de muitos estuantes. Os evangélicos, no entanto, aparecem no grupo que mais grita por reconhecimento. Vitória Lohanna Santos, 11, cursa a 4ª série da Escola Municipal Antônio Correia, no Barro, e é seguidora da Assembleia de Deus. Há dois anos matriculada na instituição, ela nunca participou das festividades promovidas pela escola. “Em dia de ensaio ou de festa ela volta para casa ou até falta”,comenta a mãe, Fernanda Santos, 33. Adriely Ketully, 9, estudante da Escola Municipal do Jordão, região Sul do Recife, é outra que nunca comungou das atividades culturais promovidas pela instituição. “A menina evangélica não pode participar das festas juninas e do carnaval. E a escola não pode obrigar”, argumenta a mãe, Adriana Pereira, 29. Um levantamento feito pela pesquisadora Maria Edi, que também atua como vice-gestora da escola em que Adriely estuda, mostrou que cerca de 62% dos alunos da instituição são evangélicos e não frequentam as atividades culturais promovidas durante as festividades católicas.

A partir desses dados, a antropóloga e gestora mostra a necessidade do Estado observar a pluralidade religiosa no âmbito escolar. Assim, evitaria a invisibilidade de estudantes que não estão representados nas práticas pedagógicas com viés cultural. “A Secretaria de Educação do Estado e, mais notadamente a da Prefeitura do Recife, pregam uma política multicultural com base na garantia de direitos e respeito à diversidade. Mas como implementar uma política compartimentada, que não inclui os diferentes e trata todos como iguais?”, questiona Maria Edi.

O último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2010, mostrou o avanço dos evangélicos no território nacional. Depois dos católicos, que aparecem com 64,3% da população, eles ocupam a segunda posição na pesquisa, com 22,2%. O que equivale a 42,3 milhões de adeptos. Em 2000 o percentual era de 15,4%. O levantamento mostrou ainda que Pernambuco é o estado do Nordeste com maior concentração de evangélicos. Atualmente são 1.788.973. Os números demonstram o avanço dos protestantes nas esferas públicas, incluindo as salas de aulas.

Esse novo panorama é alvo de estudo para a antropóloga e professora da Universidade Federal de Pernambuco Roberta Campos. Ela enfatiza que por causa da origem protestante iconoclasta,os pentecostais fazem uma ruptura com o passado e veem religiões afro-indígenas, por exemplo, como demoníacas. “Como consequência, essa visão pode gerar conflitos de convivência e os pais evangélicos acabam proibindo os filhos de participar de atividades que envolvam visitas a terreiros ou quilombos, aulas de capoeira, maracatu ou festas juninas”.

Apesar do sentimento de estranheza que motiva a ausência dos estudantes evangélicos nas atividades de cunho cultural, alguns pais demonstram o desejo de inserir seus filhos nas práticas pedagógicas da escola, mas sem ferir os dogmas que norteiam suas vidas. Como professora do ensino fundamental, Fernanda, mãe de Vitória, reclama da falta de opções para a filha. “A escola não apresenta alternativa. Ou é isso ou é nada. Acho que a escola pública deveria atender as necessidades de todos os alunos”, defende Fernanda Santos.Adriana, mãe de Adryelle, faz coro e conta que já soube de casos em que filhos de amigas que fazem parte de sua congregação perderam nota por não participar de algumas atividades. Diretora de Ensino e Formação Docente da

Secretaria de Educação, Esporte e Lazer do Recife, Joana Andrade afirma que a instrução repassada pela gestão é de que escolas criem alternativas para todos os alunos, utilizando os espaços de leitura, por exemplo. “Também sugerimos aos profissionais que atuam nas escolas orientar os pais sobre a relevância das atividades culturais propostas para a formação dos seus filhos”.

Roberta Campos defende que as manifestações culturais, mesmo ligadas a uma tradição católica, não devem ser esquecidas para garantir a laicidade do Estado. Ela aponta como alternativa para promover a integração dos evangélicos no contexto das atividades escolares o estabelecimento de um diálogo esclarecedor sobre a importância cultural das comemorações e permitir que optem por participar ou não. “Por que não participar é tão perigoso assim? Às vezes penso que há uma ideia de viés nacionalista como se, não participando, você não seria um brasileiro completo”. O respeito, ela aponta, é o caminho mais seguro. “Devemos encontrar algum modo de conviver com a diferença. Ela não precisa ser escondida, camuflada, abafada. Acho que isso não resolve. Não educa”.

a cultura das aparências

Anualmente, as gestões da educação municipal e estadual enviam os fardamentos para os alunos matriculados na rede pública de ensino. O uniforme é composto por camiseta e bermuda. Ou calça jeans. A padronização do fardamento também tem despertado embates nas escolas. Meninas da Assembleia de Deus usam saia e os pais costumam procurar a direção dos colégios para fazer cumprir o dogma religioso. Como gestora, Maria Edi conta que já precisou mandar reformular o short de uma aluna a pedido da mãe. “Uma estratégia pontual e não institucional. Não há nenhuma orientação de como devemos proceder. Acho legítimo que haja umlevantamento de quantas crianças usam saia na escola”, pontua. Segundo ela, quando professores e gestores fingem não ver a religião dos alunos e dos seus pais, fica explícita a forma como lidam com a questão das diferenças. “Fingir que a singularidade do outro não existe é uma forma de preconceito e ausência de reconhecimento”, defende.

Para a dona de casa e sacerdote do candomblé Agda Lima, 27, em alguns casos a omissão das escolas podem até reforçar a discriminação. De 2011 para cá, ela já perdeu as vezes que procurou a escola estadual Áurea de Moura Cavalcanti, em Ouro Preto, Olinda, onde a filha estuda. Laís, 10, é xingada de “macumbeira” pelos colegas de turma porque leva no pescoço uma guia de Iemanjá. “Os professores só reclamam, mas não orientam os alunos e as ofensas continuam”, reclama Agda.

A Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional favore a valorização das tradições religiosas afro-índigenas-brasileiras como parte da formação do povo brasileiro. Mas a prática mostra que a adoção de tais medidas nem sempre eliminam a intransigência. “Embora existam propostas que atendam a necessidade do respeito à diversidade religiosa, em muitos casos isso não ocorre. Várias pesquisas apontam para situações de preconceito dentro das salas de aulas, especialmente em relação aos fiéis das religiões de matriz africana. Muitos professores são despreparados para abordar religiões
minoritárias. Nem sabem lidar com situações de intolerância religiosa”, analisa Emerson Guimbelli.

Roberta Campos diz que, dependendo do contexto social, a seta da intolerância pode mudar de direção. “Tenho notado que a presença de protestantes declarados em ambientes de maioria católica também gera conflitos. Nesses casos, a vítima do preconceito pode ser o pentecostal”.

Shirley Malta, gerente de Políticas Educacionais do Estado, afirma que a Secretaria de Educação nunca tomou conhecimento de casos de intolerância religiosa nas instituições que integram a rede de ensino. Ela assegura que o respeito às crenças dos estudantes é garantido no regimento interno das escolas assim como o modo de vestir e destaca a criação do “Projeto Legal: Contruindo cidadania, tecendo solidariedade”, que deve formar comitês de mediação de conflitos nas escolas.

por Lenne Ferreira para revista Aurora do Diário de Pernambuco

 

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Publicado por em 25 de Julho de 2012 em Discriminação, Política, Religião

 

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A história de Raí que não nos contaram

Depois de pendurar as chuteiras, ao contrário de outros famosos, o craque fez e faz muito pelo social. Mas foi lembrado agora só por causa de sua sexualidade

Hipocrisia da mídia e das redes sociais: Raí tem um belo
projeto social com crianças, chamado Gol de Letra (foto abaixo). Mas vira notícia por suposto caso com Zeca Camargo

Raí com certeza está na galeria dos maiores jogadores da história recente do futebol brasileiro. Não foi um gênio da bola, nem perto do que foi  Pelé, Zico ou mesmo de seu contemporâneo Romário ou seu irmão mais velho, Sócrates — aliás o ex-craque do São Paulo foi salvo pela mãe de se chamar Xenofonte: o pai, Raimundo, fã dos gregos clássicos, já havia batizado outros dois filhos como Sófocles e Sóstenes.

No futebol e nas relações pessoais, Raí Souza Vieira de Oliveira sempre primou pela elegância. Jogava o fino da bola nos gramados e era um gentleman fora deles. No fim da carreira, Raí resolveu “curtir a vida”: com o amigo e também jogador Leonardo, idealizou e criou em 1998 a Fundação Gol de Letra, que assiste mais de 1,2 mil crianças em suas duas sedes — Vila Albertina, em São Paulo, e no bairro do Caju, no Rio de Janeiro.

A entidade filantrópica foi resultado de sua experiência na França, onde jogou de 1993 a 1998, tornando-se ídolo no Paris Saint-Germain. Lá, percebeu que sua filha estudava na mesma escola que a de sua empregada. Achou aquilo bem justo e bem oposto ao que ocorria e ocorre em sua terra natal. Hoje, a Gol de Letra é considerada uma instituição referência pela Unesco, o braço social da ONU para educação e cultura.

Em 2006, ele novamente saiu à frente de outros colegas famosos do esporte: nasceu a Atletas Pela Cidadania, uma organização sem fins lucrativos que reúne atletas e ex-atletas de diferentes épocas e várias modalidades para usar seu prestígio na mobilização por causas sociais importantes para o Brasil. A entidade apoiou a Lei do Aprendiz e investe seus esforços principalmente em oportunidades para a juventude. Monitorando a execução de políticas públicas, pressiona o governo para o cumprimento de ações concretas em prol do desenvolvimento do País. Preocupa-se com o apoio a pesquisas e debates de relevância para o futuro nacional.
Raí nunca se envolveu em escândalos e farras. Nem como atleta nem como ex-atleta. Foi pai aos 17 anos e avô aos 34 — sua neta, hoje, tem já 13 anos. Casou-se duas vezes, a última com a chef Daniela Dahoui, de quem se separou há dois anos. Tem, ao que parece, uma ótima relação com as ex-mulheres e a família em geral.

Alguns meses atrás, soube-se de um suposto envolvimento entre o jornalista Zeca Camargo e o ex-jogador Raí. Boatos, nada mais do que boatos, como aquele que espalha que Jô Soares é gay, ou o que coloca a cantora Paula Fernandes em casos amoroso com políticos, ou, ainda, o que conta um pacto com o “coisa ruim” feito por Xuxa para chegar ao sucesso. É a vingança daqueles que não chegaram à fama e se incomodam, de alguma forma, com o fato.

No último fim de semana, os boatos sobre um caso entre Raí e Zeca se agravaram e chegaram ao ápice nas redes (de intrigas) sociais durante o “Fantástico”, programa do qual o jornalista é apresentador.

Dizem que o global é gay. Dizem que ambos têm sido vistos juntos muitas vezes ultimamente. Não sei.

O que sei é que temos nós, raça humana, uma atração sedutoramente mórbida por aquilo que o outro (ou a outra) faz entre as quatro paredes. Engraçado: culpa-se a religião, especialmente a dos cristãos, por se ater ao pecado sexual. Mas, nos dizendo “laicos” ou “agnósticos”, não conseguimos deixar de querer saber o procedimento de outras pessoas  em questões íntimas. Estranho, não? Freud explica. Explica?

O que não se explica — ou, pelo contrário, talvez explique muita coisa — é não darmos pelo menos o mesmo peso às outras facetas da mesma pessoa. No futuro, o que se saberá mais de Raí? O que fez pelas milhares de crianças do Gol de Letra? Ou o que ele supostamente fez — ou não fez, já que ninguém que espalha boatos esteve realmente lá para contar — na cama com mulheres e homens?

O cara salva milhares de crianças de uma vida marginal, mas fica marcado por gostar de alguém do mesmo sexo. Somos mesmo uma raça ruim.

Texto: Elder Dias (@elderdias)
Jornal Opção

 

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Publicado por em 25 de Julho de 2012 em Discriminação, Homo/Bissexualidade

 

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Outra vez, aborto e união gay na pauta eleitoral

Parlamentares que defenderam projetos sobre os temas e são candidatos na eleição enfrentam novamente oposição das igrejas

BRASÍLIA – Parlamentares que tiveram como uma de suas bandeiras a criminalização da homofobia ou a defesa da união civil de pessoas do mesmo sexo enfrentam agora oposição ferrenha de evangélicos e católicos na campanhas para as eleições municipais. Atrás dessa fatia do eleitorado, alguns deles tentam agora reconstruir o discurso ou fazer acordo com lideranças religiosas, na tentativa de neutralizar os ataques.

São vários casos espalhados pelo país, mas essa disputa ganha maior visibilidade nas grandes cidades. Na eleição para a prefeitura de Manaus, por exemplo, esse é o maior viral contra a candidatura da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). A coordenação de sua campanha está procurando líderes de igrejas evangélicas para tentar neutralizar a resistência a seu nome por causa da defesa da causa dos homossexuais que fez no Senado. De acordo com o Censo 2010, os evangélicos representam 35,5% da população da capital.

— Os adversários é que tentam atribuir a ela posição sobre o tema. Ela sequer estava presente na votação do projeto (de criminalização da homofobia) na comissão do Senado — afirmou o senador Eduardo Braga (PMDB-AM), padrinho da candidatura de Vanessa.

A senadora defendeu que o PLC 122/06 — projeto de lei que torna crime discriminação de gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero — tramitasse em regime de urgência e fosse direto para o plenário. Mas a matéria está parada na Comissão de Direitos Humanos do Senado, em meio à disputa entre as bancadas religiosas e os defensores dos direitos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros).

Relatora do PLC 122/06 na legislatura passada, a ex-senadora Fátima Cleide (PT-RO) não conseguiu se reeleger para o Senado em 2010 e agora tenta a prefeitura de Porto Velho, devendo enfrentar as mesmas dificuldades. Ela acredita que agora esse tema não terá o mesmo peso que em 2010, quando até a eleição presidencial foi contaminada pela polêmica. Aposta que os assuntos municipais serão mais importantes este ano.

— O fundamentalismo religioso existe e também o fundamentalismo eleitoreiro, que se aproveita do conservadorismo religioso. Mas acho que, neste ano, essa bandeira não vai vingar — disse a ex-senadora.

Já a deputada Manuela D´Ávila (PCdoB-RS) se aliou a evangélicos na disputa pela prefeitura de Porto Alegre, tentando conquistar essa fatia do eleitorado e também evitar a exploração, de forma negativa, do apoio que deu na Câmara às propostas de união civil de pessoas do mesmo sexo.

Mesmo assim, aliados de Manuela afirmam que o prefeito José Fortunati (PDT), que é candidato à reeleição e evangélico, tem explorado o tema em cultos. Ao participar da Marcha para Jesus, no ano passado, Fortunati disse que “o senhor Jesus está no comando desta cidade”.

A preocupação do deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), coordenador da Frente Parlamentar Mista pela Cidadania LGBT, é como esse tema é invocado para difamar os candidatos.

— Essa difamação está quase sempre sustentada em calúnias, principalmente pelas redes sociais. Eles (os políticos) distorcem os fatos e criam um pânico moral. Um pastor ou padre dizer que homossexualismo é pecado, o que é um dogma da igreja, é diferente de difamar — disse ele.

Outro que pode enfrentar problemas semelhantes na campanha é o ex-ministro da Educação Fernando Haddad (PT), candidato à prefeitura de São Paulo, por causa do chamado “kit gay”, o polêmico material de combate à homofobia nas escolas. O kit seria distribuído pelo MEC mas foi vetado por Dilma depois da pressão dos deputados evangélicos.

Essa não será a primeira campanha pautada por debate moral. Nas eleições presidenciais de 2010, o candidato tucano José Serra, ex-ministro da Saúde, explorou a postura pró-aborto de sua adversária, a então candidata Dilma Rousseff. Em resposta, a petista afirmou que era contra a interrupção da gravidez mas que, se fosse eleita, encararia o tema como uma questão de saúde pública e social.

Neste ano o Secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom Leonardo Steiner já afirmou ser a favor de debater aborto e casamento gay nas eleições municipais.

Fonte: O Globo

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Publicado por em 23 de Julho de 2012 em Homo/Bissexualidade, Política, Religião

 

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Brasileiro convertido ao islã afirma: ‘O Mundo precisa de apedrejamento’

O paulistano Rodrigo Jalloul, 25, se converteu aos 18 e mudou-se três anos depois para o santuário iraniano de Qom, onde são formados os principais líderes do xiismo. De passagem por São Paulo, dá aulas na mesquita do Brás. Quer se tornar clérigo para ajudar a difundir o islã xiita no Brasil. Orgulha-se de já ter ajudado a converter quatro pessoas em 2010. Elas também estudarão no Irã.

No depoimento abaixo, Jalloul aborda, entre outras, a questão polêmica do apedrejamento como punição islâmica a criminosos. Admite que, para os brasileiros, é “algo cruel”. Mas, segundo ele, é o que garante a “segurança total” no Irã. E prega: “É uma regra dura, sim, mas o mundo precisa disso”.

“Sim, o Irã está divulgando o xiismo no Brasil, e daí?”

Veja o depoimento de Rodrigo a Samy Adghirni, da Folha:

Nasci numa família de comerciantes. Meu avô paterno era libanês muçulmano sunita, minha avó era brasileira.

A família da minha mãe é espanhola e brasileira. Fui criado num ambiente católico não praticante, sou batizado, mas não fiz comunhão.

Por causa do alcoolismo do meu pai, trabalho duro desde os 12 anos de idade. Já entreguei folheto em farol, vendi saco de lixo e trabalhei em feira. Cresci na Zona Leste de São Paulo.

Me converti ao islã num período de muita briga lá em casa. Precisava de algo que me acalmasse espiritualmente.

Tinha 17 anos e resolvi ir à mesquita do Brás, frequentada por muitos libaneses com que eu trabalhava na Santa Efigênia [bairro comercial no centro de São Paulo].

Gostei e comecei a ir às aulas de religião aos sábados. Aos 18 me tornei xiita. Xiita é quem segue a linhagem da família de Maomé, especialmente Ali, primo e genro do profeta. Os sunitas seguem os companheiros de Maomé, que não têm os mesmos laços com a família dele.

Xeque xiita Rodrigo Jalloul ora na mesquita do Brás, onde está de passagem para dar aulas

.

Aos 21 anos, decidi estudar fora para me tornar um religioso dedicado a ensinar o islã no Brasil. Há uma necessidade para atender o grande número de pessoas que vêm atrás da religião islâmica.

Em 2006 quis ir ao Líbano, mas veio a guerra contra Israel. Um xeque iraniano que visitava nossa mesquita sugeriu então que eu fosse para Qom, no Irã, coração dos xiitas do mundo inteiro.

A Embaixada do Irã no Brasil me deu o visto, mas não teve nenhum envolvimento na minha ida. Um amigo me deu a passagem e US$ 1.000 para passar um mês. Fui ver se gostava, sem compromisso, e acabei ficando.

Era a primeira vez que eu ia ao exterior. Não falava inglês nem farsi [idioma do Irã]. Ao chegar em Qom, a universidade me submeteu a entrevistas, testes de lógica, exames de sangue, urina etc. Fiquei um ano aprendendo farsi até começar os estudos.

Sou o único brasileiro no curso. Além dos iranianos, há russos, turcos, americanos, ingleses, indonésios etc.

A escola dá dormitório e comida. Recebo uma bolsa mensal de estudos de US$ 150. Parece pouco, mas no Irã tudo é muito barato.

Quando visito o Brasil, como agora, a universidade paga minha passagem. Em troca, dou aulas na mesquita. Há alunos católicos, evangélicos e até um judeu. Cheguei faz alguns dias e fico até o mês de setembro. Em 2010 quatro alunos se converteram. Eles vão comigo ao Irã.

Daqui a dois anos devo passar os exames para me tornar xeque. Gostaria de me tornar um aiatolá, nível mais alto dos estudos xiitas, mas é difícil e levaria décadas. Pretendo mesmo é retornar à mesquita do Brás.

Sim, o Irã está divulgando o xiismo no Brasil, e daí?

A Constituição de 1988 não estipula liberdade de culto? Vamos proibir universidades católicas por causa dos padres pedófilos? Por que outras religiões, incluindo o islã sunita, podem ser divulgadas e o islã xiita, não?

É um problema político. Se eu estivesse no Líbano, ninguém ligaria para o que faço.

Fiquei chocado com a matéria da “Veja” [de abril de 2011, que o citava] falando que o Irã divulgava ideias terroristas no Brasil.

Conheço o Moshen Rabbani [acusado de ser mentor de atentados contra alvos judaicos em Buenos Aires nos anos 90], ele tem escritório na nossa universidade. Já fui à casa dele, mas não somos amigos.

Ele ficou irritado com a matéria e botou a culpa em mim.

Discutimos, mas não acredito que ele tenha cometido aquilo. Na única vez em que tocou no assunto, ele chorou e disse acreditar que um dia acabará inocentado.

Não há nada no Corão ou no islã que estimule bombas e mortes, são pessoas desviadas que cometem isso.

Muita gente fala mal do Irã. Algo como o apedrejamento é, para nós, brasileiros, algo cruel. É uma regra dura, sim, mas o mundo precisa disso. O Brasil tem assassinatos, estupros etc. No Irã a segurança é total, já que as leis são temidas. Além disso, ninguém fala que nos EUA existe pena de morte com tortura.

Também fala-se muito da rixa entre o presidente Mahmoud Ahmadinejad e o líder supremo Ali Khamenei. São coisas de política, acontece em todo o mundo.

 

Título original: Aprendiz de aiatolá
por Folha e Paulo Lopes

 

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Publicado por em 21 de Julho de 2012 em Política, Religião

 

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